O evento ocorreu durante a celebração do aniversário de emancipação de Lucas do Rio Verde, promovida no último sábado (05.08), quando o vice-governador e secretário da Sema, Carlos Fávaro, anunciou o repasse na ordem de R$ 500 mil para construção do Cetas.
O Centro de Triagem será construído em um espaço de 1 hectare, sendo 0,5 ha de área aberta e 0,5 ha de mata, doado pela prefeitura. Além dos R$ 500 mil para início das obras, a Sema e o MPE viabilizarão madeira de apreensão proveniente de ações de fiscalização da secretaria e do Ibama para a edificação dos recintos. A gestão do local será realizada pela ONG Amibem, com apoio de voluntários.
Para Fávaro, os animais silvestres são importantes para manutenção da biodiversidade que é riquíssima. Ele acredita que ter um local apropriado para o resgate e os primeiros atendimentos é imprescindível no trabalho de conservação do meio ambiente. “Nosso estado vizinho, Mato Grosso do Sul, tem 11 Cetas, o que tem servido de estímulo para que possamos mudar a nossa realidade e avançar, afinal, temos uma rica biodiversidade que merecer ser tratada com o máximo respeito e prioridade”.
Lucas do Rio Verde tem uma tradição em políticas voltadas ao desenvolvimento sustentável, um exemplo disso é o Código Florestal Brasileiro, que teve sua semente extraída de Lucas do Rio Verde, quando ainda era o programa Lucas Legal, transformando-se em MT Legal e por fim o Código com diretrizes na área do meio ambiente para todo o país. “Agora estamos dando o segundo passo rumo aos avanços na área da pesquisa na cidade”, afirmou o prefeito de Lucas do Rio Verde, Luiz Binotti.
Binotti e Fávaro acreditam que o Cetas pode se transformar futuramente em uma grande oportunidade de hospital veterinário, atraindo assim o curso de Medicina Veterinária. A presidente da Amibem, Roseana Oliveira, avalia positivamente essa parceria e acredita que o Cetas possibilitará a conscientização das pessoas para que abandonem o hábito de explorar os outros seres. “Ao invés de manter zoológicos ou mesmo pássaros em gaiolas, nossa perspectiva é que queiram apreciá-los livres na natureza”, explica Roseana.
Sobre o resgate
Os animais resgatados em Mato Grosso são destinados provisoriamente para os recintos mantidos pela Sema no Batalhão de Polícia Militar de Proteção Ambiental (BPMPA). Atualmente, o local abriga cerca de 150 animais provenientes de resgates ou entrega voluntária.
Assim que é resgatado, se o animal estiver com alguma fratura ou debilitado ele passa por uma avaliação clínica no Hospital Veterinário da UFMT ou da Unic. Caso esteja apto para voltar à natureza, ele é solto, mas se estiver domesticado ou com alguma deficiência física que o impossibilite de ser reintroduzido no habitat natural, tem que ser mantido no Batalhão e disponibilizado para guarda provisória ou enviado para criadouros.
Por enquanto, a Sema não possui um Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras), por isso alguns são encaminhados para instituições com uma metodologia de criadouro conservacionista, em que o animal passa por um processo de reabilitação e, posteriormente, reintrodução na natureza. Essas instituições também têm a finalidade de reprodução para perpetuação da espécie, a fim de não perder aquele patrimônio genético.
Mesmo sem muita estrutura, a Sema resgatou e abrigou, nos últimos dois anos, 1.420 animais, a maioria vítima de atropelamento em rodovias. Até 2012, a gestão da fauna era realizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Mas há quatro anos passou a ser executado pela Sema em atendimento à Lei Complementar nº 140, da Presidência da República.
Novos Cetas e Cras
A proposta da Sema é ter cerca de cinco Cetas e Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras) em várias regiões do estado. O Governo cedeu recentemente uma área de 38 hectares localizada na antiga Rua 1, Setor F, no Centro Político Administrativo, em Cuiabá, para construção do primeiro Cras de Mato Grosso. O termo de cessão foi assinado pela Secretaria de Estado de Gestão (Seges) no dia 08 de julho deste ano.
Além disso, a unidade do Batalhão em Várzea Grande também passará por melhorias. Ela será transformada em um Cetas, onde os animais resgatados terão o primeiro atendimento e depois serão designados para o Cras. Os investimentos para reforma do local somam R$ 1,5 milhão proveniente de compensação ambiental. Também está no cronograma da Sema a implantação de outros centros nos municípios de Rondonópolis, Barra do Garças e Sorriso.