Os dados mostram que entre os municípios com maior incidência de queimadas nesse período, estão: Colniza (15), Comodoro (10), Poconé (05), Nova Mutum (05), Chapada dos Guimarães/Cuiabá (04), Marcelândia (04), Água Boa (03), Lucas do Rio Verde (02), Cláudia (02), Santo Antônio de Leverger (02), Nobres (02), Diamantino (01), e Ipiranga do Norte (01). Cerca de 260 Bombeiros Militares (BM) e 50 civis que compõem as brigadas mistas municipais estão fazendo a mobilização em Mato Grosso.
Conforme o comandante do Batalhão de Emergências Ambientais (BEA), tenente coronel Paulo André Barroso, as atividades dos brigadistas e militares não têm sido só apagar fogo. Eles recorreram a um método de trabalho baseado na educação ambiental e no diálogo, com o objetivo de promover a prevenção ativa das queimadas. “A brigada não espera a ocorrência chegar, vai a campo evitar que isso aconteça, sem deixar de lado o combate”.
O subtenente do BM, Arilson Soares, que está atuando na brigada municipal mista da cidade de Colniza (1.065 km a Noroeste da Capital), conta que as obrigações começam logo cedo. A equipe se divide em grupos para rondas, e orientação aos moradores da cidade e produtores rurais sobre as consequências do uso inadequado do fogo. “Também ministramos palestras, audiências públicas e concedemos entrevistas para programas de rádios e TVs, a fim de levar informações aos residentes das zonas rurais mais distantes”.
Resposta rápida
Para o 2º tenente do BM, Gustavo Corrêa, que está à frente da brigada mista de Marcelândia (710 km ao Norte de Cuiabá), o combate com auxílio de servidores cedidos pela Prefeitura tem sido muito positivo, já que sozinhos os bombeiros não conseguem estar em todo lugar. “A Prefeitura nos oferece a estrutura de trabalho e nós compartilhamos nossa experiência para que os civis trabalhem conosco de forma eficiente e rápida no monitoramento e combate aos incêndios”.
Ele lembra que durante a formação da brigada, no dia 18 deste mês, houve um incêndio que queimou 55 hectares de uma área urbana. Nesse momento, a aula com os civis foi interrompida para que os bombeiros fizessem a contenção do fogo. “Nosso combate durou três horas, mas conseguimos controlar. As sequelas poderiam ser piores porque o local tinha muita pastagem e as labaredas se alastraram quase invadido as residências, então, atuamos rapidamente para evitar que isso acontecesse”.
A secretária de Meio Ambiente e Turismo de Marcelândia, Suzana Barbosa, acredita que a parceria entre Prefeitura e Estado é um avanço que beneficia o meio ambiente e a população. “Graças à presença da brigada, temos conseguido inibir os infratores que ateiam fogo propositalmente e também estamos mostrando às pessoas que colocar fogo é crime e prejudicial à saúde”.
Além das 11 brigadas municipais mistas, o Estado conta com o apoio das 18 unidades do Corpo de Bombeiros nos municípios mais populosos, com um efetivo de 1,4 mil bombeiros. Também há oito bases descentralizadas do BEA, que são móveis e se deslocarão para as áreas críticas e que atende prioritariamente às unidades estaduais de conservação. Outro avanço é ter duas equipes de peritos para identificar e responsabilizar aqueles que desrespeitarem a lei e fazerem uso do fogo neste período.
Focos de calor diminuem
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apostam que nesses primeiros nove dias do período proibitivo houve 628 focos de calor, número 35% menor que o mesmo período do ano passado, que registou 974 focos de calor. Gaúcha do Norte (658 km a Leste de Cuiabá) está no topo do ranking, com 53 registros (ou 8,4% do total), seguido por outras 19 cidades. Entre elas, estão: Gaúcha Do Norte, Nova Nazaré, Paranatinga, Ribeirão Cascalheira, Nova Canaã Do Norte, Vila Bela Da Santíssima Trindade, Colniza, Tangará Da Serra, Barra Do Garças, São José Do Rio Claro, Cocalinho, Marcelândia, Nova Mutum, Comodoro, Alto Boa Vista, Nova Maringá, Poconé, Sapezal e Alto Taquari.
Já de 1º de janeiro a 23 de julho deste ano, Mato Grosso registrou 7.158 focos de calor, montante 19% inferior ao contabilizado no mesmo período do ano passado, quando foram registrados 8.847 focos de calor. Na Amazônia Legal, a queda chega a 21%, com um decréscimo de 25.827 para 20.379 focos de calor no mesmo período. Apesar da redução, o Estado ainda ocupa primeiro lugar no ranking dos nove estados amazônicos, seguido por Tocantins (3.928), Pará (3.467) e Maranhão (2.940).
Plano de combate
O ‘Plano de combate e prevenção às queimadas 2017’ conta com investimento de R$ 3 milhões na estrutura de prevenção e resposta, o dobro do ano passado e cerca de sete vezes superior ao que foi empregado em 2014, que totalizou R$ 438 mil. Para as atividades de combate, as equipes contam com cinco viaturas ABTF (Auto Bomba Tanque Florestal); uma ATC (Auto Tanque Combustível); 13 caminhonetes (Secretaria de Estado de Meio Ambiente - Sema e Bombeiros); duas aeronaves de combate a incêndio florestal e um helicóptero do Centro Integrado de Operações Áreas (Ciopaer).
Período proibitivo
O período proibitivo para as queimadas iniciou no dia 15 de julho e segue até o dia 30 de setembro, podendo ser prorrogado. Nesta época, utilizar fogo para limpeza e manejo nas áreas rurais é crime passível de seis meses a quatro anos de prisão, com autuações que podem variar entre R$ 7,5 mil a R$ 1 mil (pastagem e agricultura) por hectare. Nas áreas urbanas, o uso do fogo para limpeza do quintal é crime o ano inteiro. As denúncias podem ser feitas na ouvidoria do BEA: 0800 647 7363, no 193 do Corpo de Bombeiros ou diretamente nas Secretarias Municipais de Meio Ambiente.