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SEMA
Publicado: Sexta, 18 de Setembro de 2015, 17h47 | Última atualização em Sexta, 12 de Julho de 2019, 15h30 | Acessos: 232 | Categoria: Notícias



 

Chico Valdine/GCom
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Representantes do setor produtivo, investidores e ONGs se mostraram entusiamados com a valorização da atual gestão ao meio ambiente e à agricultura familiar

Os parceiros nas áreas do setor produtivo, Organizações Não-Governamentais (ONGs) e investidores internacionais que participaram do workshop ‘Iniciativa de Mato Grosso para a redução do desmatamento e inclusão social’, junto à comitiva da Noruega, nesta quinta-feira (17), no Palácio Paiaguás, em Cuiabá, destacaram a transparência, diálogo e disposição da atual gestão do Governo do Estado em construir uma agenda de desenvolvimento sustentável.

 

Para a pesquisadora e diretora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), a bióloga Andréa Azevedo, um ponto positivo foi trazer a agricultura familiar para a pauta de governo com destaque para a estruturação das cadeias produtivas sustentáveis, uma saída criativa para os desafios postos de avançar na redução do desmatamento e inclusão social. “Além de ajudar o produtor na recuperação dos passivos ambientais, Mato Grosso quer dar um passo além, com a implantação do CAR (Cadastro Ambiental Rural), busca construir coletivamente um instrumento que recompense aqueles produtores que estão fazendo certo”.

Ela mostrou que é preciso trazer os municípios para essa luta, criando mecanismos, como o ICMS Ecológico, que façam o desmatamento não compensar economicamente. Também é preciso incentivar a implantação do novo Código Florestal, a partir do aporte robusto de benefícios aos produtores e prefeituras. “Normalmente focamos em arrumar a vida de quem fez errado e aquele que sempre fez certo? Vamos criar uma lista positiva?”. Andrea disse que já existem vários projetos em andamento e destacou Querência (944 km a noroeste de Cuiabá) onde a missão é que metade da área produtiva zere a degradação em Área de Preservação Ambiente (APP). “O mercado internacional precisa valorizar essas paisagens sustentáveis, temos que criar um mapa positivo”.

O diretor executivo e cientista sênior do Earth Innovation Institute, Daniel Nepstad, ressaltou que a atual situação de Mato Grosso é inspiradora, pela coletividade e convergência das agendas. Fez questão de reforçar que a redução em mais de 90% do desmatamento nos últimos dez anos refletiu na conservação do clima mundial, pois nesse período mais de 2 bilhões de toneladas de gás carbônico deixaram de ser emitidos para a atmosfera, índice que só perde mundialmente para a Alemanha. “Diferente da Alemanha, Mato Grosso não obteve ainda nenhum benefício por essa redução do desmatamento nos mercados internacionais, tudo isso foi alcançado a partir de medidas de monitoramento e controle, baseadas em ‘medo’ impostas ao produtor rural”.

 

Chico Valdine/GCom
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Andréa Azevedo, do Ipam, destaca a estruturação das cadeias produtivas sustentáveis como uma saída criativa para os desafios postos de avançar na redução do desmatamento e inclusão social.

Os próximos 60 dias serão transformadores, na opinião de Daniel Nepstad, pois Mato Grosso será vitrine de sucesso em conservação ambiental e mitigação do clima, em produtividade e inclusão social, durante a COP 21 (Conferência das Partes, realizada pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), em Paris. “Vocês serão sinônimo de esperança, sentimento que o mundo precisa”. A nova agenda de governo, que harmoniza diversos setores, também foi elogiada. O objetivo é que os mecanismos de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação florestal (REDD+) cheguem na propriedade rural. “Temos várias famílias vulneráveis nesse processo, e isso é um fator de motivação importante”.

Setor produtivo
 
O modelo de agropecuária sustentável é possível e viável, conforme avaliou a diretora de Sustentabilidade da Amaggi, Juliana Lopes. Durante o evento, ela destacou que o Fundo Amazônia vem revolucionando a vida dos produtores de Mato Grosso ao incentivar projetos sustentáveis de combate ao desmatamento. A regularização ambiental é primordial para este setor também como forma de garantia da estabilidade produtiva. “Atuar na legalidade permite que nós possamos desenhar planos de negócio cada vez mais inovadores. Não dá mais para o Estado focar apenas nas ferramentas de comando e controle, é preciso unir fiscalização com outros projetos. Quero registrar que o setor privado acredita e apoia esta agenda positiva de governo”.

O presidente da Associação de Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja), Ricardo Tomczyk, que também representou a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), disse que desde 2005 quando a associação foi criada houve uma melhora no diálogo com os produtores rurais. Com o lançamento do Programa Soja Plus, em 2011, a proximidade aumentou ainda mais, já que a proposta é levar informações sobre o novo Código Florestal, sobre saúde, segurança do trabalhador e treinamento ás propriedades. “Nós percebemos na época que algo que parecia simples para outros países não era tão fácil no Brasil, como obedecer todas as leis”.

Ele afirma que a partir desta mudança de paradigma, que é cumprir a legislação, se criou uma nova cultura entre os produtores, atualmente 600 propriedades que respondem por 14% da soja comercializada pelo Estado integram essa lista e a ideia está se replicando para outros estados brasileiros. Neste momento já se fala em também criar um ‘pecuária plus’, levando esse mesmo desafio para a cadeia produtiva da carne. “Mas precisamos de outras fontes externas para investir, além disso, buscamos também a valorização do nosso ativo ambiental, por entender que a preservação ambiental dentro da nossa propriedade tem valor no mercado internacional, não deixa de ser um investimento individual e coletivo.”

Investidor

‘Como financiar esta transição para o uso sustentável das terras?’. Esta é a pergunta mais importante para se construir coletivamente pelos diversos segmentos envolvidos no projeto de sustentabilidade para Mato Grosso, na avaliação do diretor da Althelia na América Latina, Juan Carlos Gonzalez Aybar. Ele, que representa um fundo de investimentos internacional que pretende investir cerca de R$ 100 milhões no Estado até 2017, explicou à comitiva da Noruega que pretende dobrar os investimentos e recuperar 20 mil hectares de pastagens degradas na Amazônia até 2020. “Por enquanto a margem de lucro não é muito grande, mas quando atingir uma grande escala e envolver outras parcerias é possível alcançar melhores resultados. Além disso, nós acreditamos no mercado de carbono dessa região”.

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