O governo da Noruega anunciou 25 milhões de dólares para apoiar as ações dos estados e províncias que integram o GCF e que assinaram a Declaração de Rio Branco. O anúncio ocorreu esta semana, durante convenção de Barcelona
Mato Grosso deve receber cerca de U$ 1 milhão em recursos, por meio do Fundo da Força Tarefa dos Governadores para Clima e Florestas (GCF), para investir em combate ao desmatamento ilegal na Amazônia. O anúncio foi feito esta semana, durante a reunião anual do GCF, em Barcelona, na Espanha, que contou com a participação do governador Pedro Taques e da secretária de Estado de Meio Ambiente, Ana Luiza Peterlini. O total de recursos garantidos pelo governo da Noruega é de U$ 25 milhões para apoiar ações de redução de desmatamento e mitigação das mudanças climáticas em 25 jurisdições de florestas tropicais no México, Peru, Brasil, Indonésia e Nigéria.
Conforme a secretária Ana Luiza Peterlini, esse anúncio foi muito importante para o Estado que tem investido fortemente nos últimos 10 anos no combate ao desmatamento ilegal e obteve uma redução de até 80% nesses números. Ela explica que em 2004, ano em que se atingiu a sua maior taxa, a área desmatada ilegalmente chegou a 11.814 mil km2. No ano passado, não ultrapassou 1.048 mil km2. Se forem considerados os dados do Prodes, Mato Grosso reduziu 5,2 milhões hectares de florestas desmatadas em seu território, entre 2006 e 2014. "Nossas reduções representam quase 2 bilhões de toneladas de CO2, volume maior que a redução de qualquer Estado da Amazônia para o período e o maior que a grande maioria dos países do Anexo I, do Protocolo de Kyoto", disse a secretária.
A contribuição da Noruega vai desempenhar um papel importante no apoio à implementação da Declaração Rio Branco. Produzido em 2014, esse documento estabelece compromissos para os membros do GCF em reduzir o desmatamento em 80% até 2020, está vinculado a financiamentos internacionais, propõe criar parcerias com cadeias produtivas sustentáveis e financiamento para comunidades indígenas e tradicionais. Para a enviada especial da Noruega para as mudanças climáticas, Hanne Bjurstrøm, a Declaração de Rio Branco aumentou o nível de ambição e ajudou a colocar a floresta no topo da agenda na 'Cúpula do Clima' da Organização das Nações Unidas (ONU), em setembro do ano passado.
Além do aporte de recursos anunciados, uma forma de reforçar os trabalhos já realizados pela equipe de Mato Grosso junto ao GCF consistiu na homenagem 'pelos relevantes serviços prestados à área ambiental' à secretária-adjunta de Mudanças Climáticas da Sema, Elaine Corsini, que no evento representou toda a equipe da Secretaria que está empenhada na implantação de programas e projetos de Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação florestal (REDD+). Elaine foi a única representante entre todos os participantes a receber esta homenagem. Como é um dos integram o GCF desde a sua fundação, Mato Grosso participou de todas as reuniões do GCF, realizadas desde 2010, entre os países que já receberam o evento estão: Indonésia, México, Peru e Brasil (Rio Branco).
Convenção de Paris
O apoio ao Fundo GCF destaca a importância da liderança subnacional (ou estados e províncias) no combate às mudanças climáticas antes da 21ª Conferência das Partes da Convenção Quadro das Nações Unidades sobre Mudança Clima, em Paris (França) em dezembro. Um estudo recente do Programa de Desenvolvimento das Nações unidas estima que mais de 80% das ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas ocorrem em nível subnacional. Os membros do GCF Task Force irão carregar essa mensagem para Paris para realçar o seu progresso e continuar a trabalhar em soluções para combater o desmatamento.
Sobre o GCF
Em 2008, o governador da Califórnia Arnold Schwarzenegger organizou a primeira cúpula global do clima dos governadores. Neste evento foi assinado um Memorando de Intenções (MOU) entre Califórnia, Illinois, Wisconsin, Papua, Aceh, Amapá, Amazonas, Mato Grosso e Pará, fato este que definiu as bases para a criação do GCF. Desde a sua criação, o GCF cresceu em número de membros e tem se configurado um dos principais esforços atuais no que se refere a incorporar as políticas de REDD+ com outras ações que reduzam as emissões de gases causadores do efeito estufa. Atualmente conta com 26 estados membros de sete países.