Com o objetivo de aumentar a população de tartarugas da Amazônia e garantir a perpetuação da espécie na Região do Araguaia, o Governo de Mato Grosso é parceiro do projeto ‘Amigos da Natureza’ de manejo e repovoamento da tartaruga.
O projeto é desenvolvido pela Secretaria de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar (Sedraf), e recebe apoio do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), Ibama, da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer), da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), colônia Z-19 dos pescadores e de voluntários.
Neste ano, a meta é fazer a soltura de 20 mil filhotes de tartaruga. O secretário da Sedraf, José Domingos Fraga Filho, faz questão de acompanhar projeto e em visita ao município de Santa Terezinha (122 km de Cuiabá) ajudou a soltar algumas tartarugas. “É importante frisar que ainda existe o contrabando da carne de tartaruga para outras regiões do país, sob forma de lingüiça. Infelizmente ações como esta contribuem para a redução da espécie e se não houvesse o empenho por parte da população e do poder público para incentivar a criação em cativeiro, a tartaruga correria grande risco de extinguir”, reforça.
A carne de tartaruga além de rica em proteína é também apreciada por muitas pessoas que consideram um prato muito saboroso. A gordura é bastante procurada para uso cosmético e medicinal. Até pouco tempo, era abundante na região e consumida somente pela população ribeirinha e indígena. Atualmente, este consumo sofre forte pressão por pessoas de outras regiões que, além de capturá-las para comer ou aproveitar somente a banha. Na época da desova, milhares de ovos são esmagados e deixados ao sol dentro de canoas e outros utensílios, para extrair a gordura.
Para tentar mudar esta realidade, surgiu em 2010 o projeto ‘Amigos da Natureza’, no município de Luciara (1.116 km da capital). Em 2011 foi implantado em Santa Terezinha. Nestes dois anos de projeto, foram devolvidos ao meio ambiente cerca de 10 mil filhotes. Segundo o coordenador do projeto, mestre em Ciências Ambientais e doutorando em Engenharia Ambiental, Assis Araguaia, o índice de natalidade de forma natural é de 99%, mas de sobrevivência gira em torno de 2 a 4% apenas. Com este projeto fazendo a soltura dos filhotes, fora de riscos de predadores, alcançou um índice de sobrevivência de 60% em média. “O trabalho é considerado de extrema importância o que foi feito em um ano, a natureza levaria, com muito esforço, de 20 a 30 anos aproximadamente”, comemora Assis.
O trabalho prevê ainda ações de conscientização da população para garantir a perpetuação da espécie em cativeiro. Além de Luciara e Santa Terezinha, o objetivo é estender o projeto em outros municípios da região do Araguaia, além da tartaruga (Podocnemis expanda) também a espécie tracajá (Podocnemis unifilis). Estiveram acompanhando a comitiva do secretário Zé Domingos, o secretário-adjunto de Desenvolvimento Regional – MT Regional, Renaldo Loffi e o médico veterinário e Assessor Técnico da Sedraf, Paulo Bilégo.