A Universidade do Estado de Mato Grosso e a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) realizam monitoramento reprodutivo de peixes da Bacia do Alto Paraguai.
A pesquisa que está em fase de finalização é financiada pela Fundação de Amparo a Pesquisa (Fapemat) e Sema que utiliza os dados como embasamento para as políticas públicas para a preservação ambiental, como a definição do período de defeso no Estado que ocorre entre 5 de novembro a 28 de fevereiro.
Com a coleta dos peixes, os pesquisadores podem avaliar a data de reprodução das diferentes espécies, observando se o período de defeso é suficiente para que os peixes se reproduzam, levando em conta as condições ambientais e o pulso de inundação da planície pantaneira para definir se é preciso antecipar ou prorrogar a piracema.
A pesquisa é realizada há mais de seis anos no rio Paraguai, tendo sido realizadas coletas acima do município de Cáceres, na região próxima ao rio Sepotuba e também abaixo da cidade, na região da Estação Ecológica de Taiamã, onde a última coleta foi realizada dos dias 26 a 28 de março.
A coordenadora da Fauna e Recursos Pesqueiros da Secretaria de Meio Ambiente, a mestre Neusa Arenhart, lembra que o monitoramento deve continuar a ocorrer no Estado, até para indicar a necessidade ou não de antecipar ou estender o período de defeso.
O monitoramento reprodutivo ocorre anualmente no período de outubro a março na Estação Ecológica Taiamã, distante quase 200 quilômetros da sede de Cáceres, e conta com o apoio do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade, que garante aos pesquisadores acesso a estrutura preservada da estação e infraestrutura para o trabalho de campo, mas no período de outubro de 2008 a março de 2010, os pesquisadores realizaram coletas mensais para acompanhar toda a evolução reprodutiva das espécies.
O professor da Unemat, doutor Claumir César Muniz, explica que o trabalho consiste em observar todas as condições dos peixes capturados, considerando vísceras, aparelho reprodutivo, peso e demais medidas, além de observar o período da desova. Rins, fígado, gôndola, estomago de todos os peixes capturados são pesados e medidos para possibilitar uma otimização da pesquisa garantindo que todo um estudo possa ser realizado.
Na última coleta, 44 exemplares entre peixes de couro e escama foram capturados, medidos, pesados e tiveram os dados coletados para análise e posteriormente doados para a casa de repouso Lar Servas de Maria. A previsão é que até o fim de abril os resultados sejam finalizados.
Além dos dois pesquisadores, o trabalho de campo conta também com o apoio de um pescador profissional que ajuda na captura dos peixes, de acadêmicos da Unemat que atuam como voluntário e bolsista no projeto, além de funcionários da Sema e do ICMBio. O acadêmico Dérik Victor Souza Campos, vinculado ao curso de Biologia da Unemat em Cáceres vê na pesquisa a oportunidade de testar na prática os conhecimentos adquiridos na teoria, além disso ele já pensa em continuar as pesquisas por meio de um projeto de mestrado na área.