Já foram entregues 50 mil mudas de bananeiras clonadas, produzidas in vitro, resistentes às doenças Mal do Panamá e Sigatoka Negra para produtores rurais de sete municípios de Mato Grosso.
É um trabalho de transferência de tecnologia para reativar o cultivo da fruta com a implantação de Unidades Tecnológicas de Banana (UTB) em substituição a variedades suscetíveis às doenças. Produtores recebem um kit contendo mudas de banana, calcário e adubo para o plantio. Até o final de fevereiro serão entregues 110 mil mudas.
Cansado da infestação de doenças no bananal, o produtor rural, Antônio José da Costa, do município de Acorizal (62 km ao Norte de Cuiabá), da comunidade Córrego fundo, possui 12,5 hectares e planta banana da terra e maçã para subsistência. Ele explica que no momento da colheita do fruto retirar apenas o primeiro cacho de banana, os demais estão infestados com o Mal do Panamá. Para evitar a doença e garantir um plantio sadio, está adquirindo mudas de banana produzidas em Laboratório.
O chefe da Estação Experimental da Empaer de Acorizal, Josemar Ventura da Silva, comenta que foram entregues mais de sete mil mudas para 100 produtores rurais da região. Na primeira etapa, foram doadas as variedades Princesa, Japira (Banana Prata) e Tropical (Banana Maça). Na segunda, que acontecerá no final de fevereiro, IAC 2001 (Banana Nanica), e Farta Velhaco (Banana da Terra). O produtor Antônio pretende produzir para o sustento e também para comercialização. "Morar no mato e não ter o que tirar da terra, o jeito é morar na cidade. É vergonhoso não ter o que colher na roça", desabafa.
O produtor rural, Orlando Rodrigues de Souza, da Comunidade Guanandi, possui 10 hectares, planta mandioca e banana. Segundo ele, a banana maçã é mais suscetível aos ataques de pragas e doenças, prefere plantar a banana da terra. Com variedades resistentes às doenças, pretende plantar dois hectares de banana. Adquiriu somente 50 mudas de banana maçã da espécie Japira e retorna em fevereiro, para adquirir outras variedades.
Produzindo há seis anos, banana maça e da terra, a produtora rural Joana Justina de Jesus e o marido, Jorneci Ernestino de Jesus, proprietários da Fazenda Nossa Senhora Aparecida, cultivam milho, mandioca e criação de gado. Joana fala que a banana produzida é comercializada em Cuiabá, Acorizal e na região. Ela recorda que no município de Gaúcha do Norte (595 km ao Norte da Capital), plantaram banana e todo bananal foi dizimado pelas doenças e pragas. "Estamos sempre atentos, a cultura da banana é a nossa fonte de renda. Foi com o dinheiro da venda da banana que compramos gado para recria", declara Joana.
O trabalho de inovação tecnológica e fomento da cultura da bananeira no Estado são realizados pela Secretaria de Ciência e Tecnologia (Secitec/MT), Empaer e prefeituras municipais de Jangada, Chapada dos Guimarães, Acorizal, Itiquira, São José do Povo, Santo Afonso e Tesouro. O diretor de Pesquisa da Empaer, Carlos Milhomem de Abreu, fala que além dos insumos (calcário e adubo), os produtores vão receber orientações para o preparo da área e plantio.
Segundo Milhomem, após um ano de pesquisa com as variedades, o produtor vai devolver para a prefeitura do seu município duas mudas para cada recebida. Devido às condições de clima e solo ideais para o desenvolvimento da bananicultura, o projeto será levado para outros municípios de Mato Grosso. Ele enfatiza que as mudas de banana produzidas no laboratório são livres de doenças e pragas com a vantagem de produzir de 30 a 40% mais que as plantas convencionais.