O Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Araguaia articulou a realização do curso de formação em Reflorestamento Para Recuperação de Área Degradada, oferecido pelo Senar-MT e o Sindicato Rural de Barra do Garças/MT no fim de outubro.
O curso tem o objetivo de promover a capacitação técnica de membros e instituições parceiras do Programa de Revitalização da Bacia do Córrego Fundo do CBH Alto Araguaia.
O programa é parte do projeto Propriedade Legal, que tem a meta de promover a revitalização participativa das Áreas de Preservação Permanente (APP) do Córrego Fundo, ou seja, conta com a participação ativa de produtores rurais proprietários dos terrenos que margeiam o curso do córrego.
A engenheira florestal e instrutora credenciada do SENAR-MT, Waldete Gomes de Santana, conta que o curso “foi pensado com o objetivo de auxiliar os proprietários e produtores rurais na restauração de áreas degradadas, manutenção da água e adequação ambiental”, em atendimento à legislação.
Eduardo Baroni, zootecnista e presidente do Sindicato Rural de Barra do Garças diz que a preocupação surgiu a partir de imagens aéreas que demonstram o nível de assoreamento do Rio Garças. “Clodoaldo [presidente do CBH Alto Araguaia] então começou um trabalho de parcerias para dar início a um grande projeto de recuperação de nascentes, sendo o Córrego Fundo o escolhido para ser o pioneiro”, relembra.
Desenvolvido pelo Senar-MT e o Sindicato Rural, o curso de reflorestamento ofereceu os conceitos teóricos e práticos para a aplicação de técnicas variadas de recuperação, apresentando ainda espécies vegetais nativas para o processo de recuperação. Baroni reforça a grandiosidade do projeto, que tem potencial exequível e replicável para outras regiões da Bacia Hidrográfica do Alto Araguaia. “A bacia do Córrego Fundo vai ser uma vitrine dessas recuperações das APPs”, celebra.
Participaram do curso parceiros do CBH Alto Araguaia, entre eles o IFMT (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso), representado pelos professores Ivo Luciano da Assunção Rodrigues e Daisy Rickli. Para o Prof. Ivo Luciano, participar da formação “reforçou o papel do IFMT como parceiro do CHB e nos deu a oportunidade de atuarmos como multiplicadores dessas práticas tão urgentes no cenário atual”.
Além do ensino teórico, realizado nas dependências do Sindicato Rural de Barra do Garças, os participantes executaram a prática na fazenda Santa Filomena das Águas, onde foram aplicadas as técnicas de plantio com a utilização de 35 espécies nativas classificadas como pioneiras, secundárias e clímax.
A propriedade escolhida para o reflorestamento abriga a nascente do Córrego Fundo e desenvolve técnicas de conservação de solo e água na área produtiva de pastagem entretanto, possui passivos ambientais junto às margens de preservação permanente, foco do trabalho de recuperação apontado pelo CBH Alto Araguaia para o desenvolvimento da prática.
As mudas das espécies nativas foram cedidas pelo Viveiro Copayba, sob supervisão da auxiliar em gestão ambiental Karine Pereira de Assis, parceiros importantes nesse processo.
“O curso trouxe uma perspectiva de que há o que ser feito para que tenha uma regressão nos danos causados à natureza e que deve ser feito já. Podemos transmitir esse conhecimento para aqueles que ainda se encontram desinformados e juntos contribuirmos cada vez mais para a preservação de nossos biomas, pontua Karine.
“O Projeto de revitalização da bacia do Córrego Fundo está começando e precisa do apoio de diversas instituições preocupadas com o meio ambiente e com as garantias legais e produtivas das propriedades” enfatiza o presidente do Comitê Clodoaldo Carvalho Queiroz, que lembra que o Projeto está no contexto do Programa PCI-BG, Programa Produzir, Conservar e Incluir Municipal.
É importante lembrar que o curso urbano do Córrego Fundo passou por recente análise realizada pelo Comitê e o Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT-BG) como parte do projeto Qualidade dos Corpos Hídricos Urbanos da Bacia. O Córrego Fundo é o maior córrego que atravessa a sede do município de Barra do Garças e, de acordo com a análise preliminar, foi possível identificar os escoamentos irregulares de esgoto doméstico como um dos principais poluentes do recurso.
Conheça o CBH Alto Araguaia
Instituído em 2019, o Comitê atua como uma ferramenta de ação política para a conservação das águas dos afluentes da bacia do Alto Araguaia. Conhecido como o “parlamento das águas”, o CBH abre espaço para que entidades e representantes da sociedade civil possam debater e deliberar propostas para utilização sustentável dos recursos hidrográficos da região. Além do Alto Araguaia, existem outros nove comitês atuantes em Mato Grosso.
O CBH Alto Araguaia atua nas regiões próximas ao curso dos rios Garças e Araguaia, atendendo às demandas das cidades mato-grossenses de Alto Araguaia, Alto Garças, Alto Taquari, Araguainha, Barra do Garças, General Carneiro, Guiratinga, Pontal do Araguaia, Ponte Branca, Ribeirãozinho, Tesouro e Torixoréu.
Os CBHs são instituídos por Lei e faz parte do Sistema Estadual de Recursos Hídricos do Estado de Mato Grosso, composto pelos Comitês de Bacias Hidrográficas; Conselho Estadual de Recursos Hídricos - CEHIDRO e pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente – SEMA/MT, Órgão Coordenador/Gestor de Recursos Hídricos.
Autor: Khryst Serpa | CBH Alto Araguaia/Sema-MT