A Segunda Reunião Extraordinária do Fórum Mato-grossense de Mudanças Climáticas, realizada na Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT) no dia 29 de julho, teve a agricultura familiar como tema de destaque.
Entre os assuntos abordados estiveram: emissões e remoções pelo uso da terra, tipos de medição, monitoramento, captação de recursos e projetos específicos para a agricultura familiar. As instituições participantes puderam mostrar um pouco dos projetos e programas que estão desenvolvendo para os pequenos produtores.
O Secretário Executivo de Meio Ambiente, Alex Sandro Marega, abriu a reunião falando sobre a importância da realização de políticas públicas voltadas para quem pratica atividades sustentáveis. "Para os que realizam atividades que tradicionalmente vão manter a floresta em pé, como as comunidades quilombolas, indígenas e agricultura familiar, o objetivo é que tenham cada vez mais ações e projetos que vão beneficiar estas pessoas com incentivos econômicos, que agreguem valor aqueles produtos feitos em propriedades que tenham suas reservas legais, seus recursos hídricos preservados. Meio ambiente, inclusão e produção têm que andar junto".
Marega destacou ainda a parceria com o ICV para a realização do Fórum de Mudanças Climáticas. "O debate do quanto que a agricultura familiar presta de serviço ambiental, quanto que a atividade que ela realiza é sustentável, quanto esta trazendo de impactos positivos sobre o clima é muito importante. Várias políticas que vêm sendo construídas pela força-tarefa dos Governadores para o clima e Floresta (GCF), em parceria com Instituto Centro de Vida (ICV), tem nos ajudado a avançar nesta pauta que para nós também e muito importante".
O coordenador de Mudanças Climáticas e REDD+ da Sema, Mauricio Philipp, destacou que a agricultura familiar foi uma demanda da última reunião do Fórum que tratou das emissões e remoções de gases de efeito estufa na agropecuária. "Houve manifestação para que a gente pudesse fazer essa conta da remoção e emissão também na agricultura familiar. Se temos uma economia que depende altamente do clima nada mais justo que a gente tenha preocupações com as emissões".
Alice Thuault, diretora adjunta do ICV, destacou a importância do tema "Os diferentes saberes e conhecimentos que temos aqui hoje nessa reunião servem para fomentar políticas públicas e novos projetos no estado. Nosso objetivo é empoderar os participantes do Fórum, com transparência e captação de recursos".
O engenheiro da equipe de clima e cadeias agropecuárias do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), Cirino Costa Junior, veio até Cuiabá para ministrar uma palestra durante o Fórum e explicou o processo de medição do carbono emitido ou sequestrado na agricultura familiar.
"Com o controle de emissão todos só tem a ganhar. Melhora a produção, recupera área degradada, promove qualidade reprodutiva com o uso e manejo. É importante que a propriedade tenha tudo documentado, como a aplicação de fertilizante, emissão de trator e maquinário, se constrói matéria orgânica, poda de arvore, entre outros.
Cirino explica que o olhar sobre a agricultura familiar é bastante amplo, sendo necessária uma análise qualitativa e quantitativa da propriedade. "A tendência da redução e sequestro de carbono quando maneja é melhorar o sistema. O monitoramento pode ser realizado por produtor ou técnicos. Ter contato direto com a propriedade é essencial".
Participaram do Fórum Mato-grossense de Mudanças Climáticas representantes do setor público, sociedade civil, representantes de comunidades tradicionais, Assembléia Legislativa, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Ministério Público, Fundação Nacional do Índio (funai) e Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Organizações Não Governamentais, entidades de classe e órgãos de pesquisa.
Autor: Renata Prata / Sema-MT