Realizada ao final do período chuvoso, a queima prescrita consome apenas a biomassa que está na superfície sem prejudicar o sistema radicular das plantas. Dessa forma, o bom uso do fogo reduz o material combustível e fragmenta a vegetação, evitando os grandes incêndios, que devido à intensidade e à severidade podem esterilizar todo o ecossistema afetado. Outra vantagem do fogo controlado em biomas como o Cerrado é o aumento da biodiversidade, já que a vegetação dominante pode abafar outras espécies caso não seja removida.
“O fogo controlado é prescrito assim como uma receita médica. Então, são indicadas as áreas para queima, fragmentando a vegetação para dificultar a propagação dos incêndios que causam grandes danos ambientais e prejuízos econômicos”, explica do secretário Executivo do Comitê Estadual de Gestão do Fogo, cel BM Paulo Barroso.
A Coordenadoria de Unidades de Conservação (Cuco) da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) também participou da capacitação. A meta é implantar o Manejo Integrado do Fogo (MIF) no Parque Estadual da Serra Azul (Pesa), em Barra do Garças, a partir de 2019. “Antes só apagávamos fogo. Agora, viramos a chave e estamos pensando na prevenção por meio da união das instituições”, destaca a gerente do Pesa, Cristiane Schnepfleitner
A técnica já é utilizada pelo ICMBio no bioma cerrado desde 2012 em um projeto desenvolvido na região do Jalapão, Tocantins. “A técnica traz inúmeras vantagens que vão desde a conservação ambiental, até a redução de emissão de CO2 e economia para os cofres públicos”, enumera o coordenador Nacional de Prevenção e Combate a Incêndios do ICMBio, Christian Berlinck. Ele explica que para cada dois dólares investidos na prevenção dos incêndios a economia para combater o fogo pode chegar a até 80 dólares.
Cooperação - Nuno Osório, comandante do Corpo de Bombeiros de Figueira da Foz - Portugal, acompanhou o grupo em Chapada para compartilhar os resultados obtidos no país europeu. Para ele, a reunião dos diversos agentes durante esta semana é uma importante troca de experiências e conhecimentos que visa a redução dos riscos dos grandes incêndios em Mato Grosso. O especialista em queima prescrita reforça que no Brasil a técnica do MIF já vem sendo empregada em Minas Gerais e Rio de Janeiro.
O secretário de Estado de Meio Ambiente, André Baby, que recebeu os participantes da capacitação na sede da Sema nesta quinta-feira (14), concorda: “O meio ambiente é multidisciplinar e reconhecemos a importância da cooperação entre as instituições e países.
Trata-se de diplomacia e união entre os povos para o bem do Planeta e da qualidade ambiental”.
Participaram do treinamento, Sema - por meio do CEGF e da Cuco -, ICMBio, Batalhão de Emergências Ambientais (BEA) do Corpo de Bombeiros Militar (CBMMT), Ong Aliança da Terra e pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
Sobre o Comitê
O Comitê Estadual de Gestão do Fogo promove ações de prevenção, monitoramento e controle das queimadas e dos incêndios florestais, visando reduzir a incidência desses eventos em Mato Grosso. O grupo é presidido pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) e a secretaria executiva é de responsabilidade do Corpo de Bombeiro Militar (CBMMT), por meio do Batalhão Especial de Emergências Ambientais (BEA).
Integram o grupo as secretarias de Cidades (Secid), Ciência e Tecnologia (Secitec), Agricultura Familiar e Assuntos Fundiários (Seaf), Educação (Seduc), Saúde (SES), Segurança Pública (Sesp), Infraestrutura (Sinfra) e Gabinete de Comunicação (GCOM). Casa Militar, Instituto de Terras de Mato Grosso (Intermat), Instituto de Defesa Agropecuária (Indea) e Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer) também participam das ações. O convite para integrar a força-tarefa para combate a incêndios se estende à Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), Ministério Público Estadual (MPE), Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e Fundação Nacional do Índio (Funai).