Uma comitiva com 16 pesquisadores e ambientalistas da Suécia visitaram nesta semana a biblioteca ‘Arne Sucksdorff’ da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema). O local recebeu esse nome em homenagem ao cineasta, pesquisador e fotógrafo sueco que viveu 30 anos no Pantanal mato-grossense documentando a fauna, a flora e a exuberância da região. A proposta da visita é conhecer os lugares que foram importantes para Arne e a biblioteca foi um deles.
O grupo foi recebido na terça-feira (21.11) pela superintende de Educação Ambiental da Sema, Vânia Márcia Montavão, e sua equipe. Durante o encontro, Vânia contou que o cineasta foi importante para a Sema e principalmente para o Pantanal, onde lutou pelas causas ambientais.
“Arne doou 11 mil slides de suas fotos para o acervo da secretaria. Isso ocorreu no ano de 1984. Em 1996, a biblioteca foi inaugurada e ele foi convidado para receber a homenagem pelos seus feitos”. Arne Sucksdorff morreu em 2001, aos 84 anos.
Conforme o casal de engenheiros florestais que está à frente da comitiva, o sueco Björn Rasmussong e a brasileira Mara De Nadai Oliveira, a luta do cineasta pelo Pantanal é muito conhecida na Suécia, mas poucas pessoas no Brasil sabem desse fato histórico no estado de Mato Grosso. “Queremos que com essa visita as pessoas conheçam mais sobre o Arne e propaguem suas ações”, diz Mara.
Durante o encontro, a equipe da Sema inaugurou um armário com porta-retratos contendo algumas fotos doadas por Arne. Lá também estão armazenadas todas as fotos doadas por ele, as originais, ainda em negativo, e os arquivos digitalizados gravados em DVD.
Emocionada, a viúva de Arne, a pantaneira Maria Graça dos Santos Sucksdorff, 73, integrante da comitiva, viu as imagens e relembrou os tempos ao lado do marido. “Foram tempos difíceis. Não tivemos muito apoio, mas ele sempre foi determinado. Fico feliz em saber que seu material está guardado”.
Laudemila Martins é servidora da Sema há 25 anos. Há um ano ela se aposentou e fez questão de estar presente na inauguração do Memorial Arne Sucksdorff. “Fui auxiliar da biblioteca da Sema por 23 anos e isso fez parte da minha vida porque eu sempre gostei de criar memórias e esse lugar contém as minhas lembranças, as de Arne, que tem uma história de bravura, por isso eu não podia ficar de fora desse dia”.
A comitiva já percorreu o Rio de Janeiro e o Pantanal. A viagem deve durar mais uma semana totalizando três. Björn Rasmussong informa que ele e Mara trarão outro grupo em 2018 para percorrer os passos de Arne.
Sobre a biblioteca
A biblioteca dispõe de um acervo com aproximadamente 15 mil itens, entre eles livros, mapas, CDs-ROMs, e-DVDs relacionados a temas ambientais. Há coleções importantes como o RADAMBRASIL e exemplares do Plano de Conservação da Bacia do Alto Paraguai.
O local é destinado principalmente ao corpo técnico da secretaria, porém todos os interessados na questão ambiental podem usufruir do acervo, pesquisando no local. O horário de atendimento é de segunda a sexta, das 12h às 19h. Telefones para contato: 3613-7203 / 3645-4926.
Vida de Arne Sucksdorff
Após ministrar um curso de cinema para jovens cineastas brasileiros no Rio de Janeiro, a convite do governo federal e da Unesco, no final dos anos 50, Arne Sucksdorff se apaixonou pelo Pantanal mato-grossense em 1968. Em 1970, ele se casou com a cuiabana Maria Graça e com ela teve os filhos Anders Eduardo e Claudio Arne.
Em 1971, realizou para o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF) o longa "Mundo à Parte", em quatro episódios: "Os Anos Felizes", "Os Anos na Selva", "Manha de Jacaré" e "O Reino da Selva". Em 1981, publicou o livro de fotos "Pantanal, um Paraíso Perdido". O Instituto Memória, da Assembleia Legislativa do Mato Grosso, é o fiel depositário de 10 mil slides de Arne Sucksdorff, trazidos da Europa com o apoio da Embaixada da Suécia no Brasil.
Como cineasta, recebeu alguns dos mais importantes prêmios do cinema mundial. Seu "Människor i Stad" (no Brasil, "Ritmos da Cidade"; nos EUA, "Symphony of a City") ganhou o Oscar de Melhor Curta-metragem em 1949. No Festival de Cannes, ganhou o prêmio de Melhor Curta-Metragem com "Vila Indiana", em 1952, e a Palma de Ouro de Melhor Filme, em 1954, com "A Grande Aventura". Este último ganhou também o prêmio de Melhor Documentário do ano de 1954 da British Film Academy. O curta "O Vento e o Rio" ganhou um prêmio especial no Festival de Veneza de 1951.