Dois locais de banho frequentados pela população foram considerados impróprios, segundo o relatório da campanha de balneabilidade realizada pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema). Foram feitas cinco amostragens em 21 trechos de rios mato-grossenses localizadas em nove municípios entre os dias 20 de junho e 15 de julho.
O estudo levou em consideração fatores de risco à saúde humana estabelecidos pela Resolução nº 274/2.000 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), como: a quantidade de Escherichia coli (coliformes fecais); a incidência elevada ou anormal de enfermidades transmissíveis por via hídrica, indicadas pelas autoridades sanitárias; a presença de resíduos sólidos ou líquidos, como esgotos sanitários; o nível de PH.
O Rio Cuiabá foi apontado como inadequado para banho nos trechos da comunidade de São Gonçalo da Beira Rio, impróprio desde 2007, e na comunidade de Bonsucesso em Várzea Grande, impróprio desde 2003.
O coordenador de Monitoramento da Qualidade Ambiental da Sema, Sérgio Batista de Figueiredo, explica que o lançamento de lixo e esgoto sanitário agrava a situação desses trechos inadequados para banho. “Em São Gonçalo, por exemplo, o rio recebe quantidades significativas de esgoto de vários locais, como o Córrego do Barbado. Outra questão é que o Rio Cuiabá atravessa uma expressiva parte da área urbana da capital e Várzea Grande e quando chega a Bom Sucesso está com grau significativo de poluição”.
Sérgio orienta a população a não fazer uso desses trechos do rio porque eles aumentam a possibilidade do banhista contrair doenças, como hepatite, febre tifoide, gastroenterite, doenças da pele e outras. “Apesar do calor, é necessário ter consciência, escolher locais adequados para banho e assim evitar problemas de saúde”.
Balneabilidade
O relatório de balneabilidade é realizado anualmente pelo Laboratório de Monitoramento Ambiental da Sema, por exigência da legislação ambiental. Sérgio informa que o estudo tem o objetivo de subsidiar a atuação das prefeituras e dos órgãos de fiscalização e prever consequências futuras. “A utilização da água para fins recreativos é muito comum no Estado, e estimula o turismo, principalmente nos rios próximos às cidades e onde ocorre a formação de praias na época da seca. Em razão disso, torna-se relevante conhecer a qualidade da água, para garantir a preservação dos recursos hídricos e a proteção da saúde da população”.
A constatação da presença de coliformes fecais, em um determinado local, acima de 2.000 mililitros (ml) em mais de 20% das amostras pode estar associada ao lançamento de esgoto sanitário, fezes de animais ou a presença de micro-organismos patogênicos.
Dos 21 locais analisados, 19 foram classificados como próprios para a prática de recreação e banho. São considerados ‘excelentes' para banhistas: os rios Coxipó Açu (Cuiabá); Rio Cuiabá, nos trechos da Passagem da Conceição (Várzea Grande), da Praia das Embaúbas (Rosário Oeste), da Praia do Pari (Cuiabá); Rio Bugres (Barra do Bugres); Cachoeirinha, no trecho da Cachoeira dos Namorados (Chapada dos Guimarães); Lago do Manso, no trecho do Condomínio Portal das Águas (Chapada dos Guimarães) e o Rio Santana na Praia Nortefly (Nortelândia).
Dois trechos do Rio Paraguai foram inseridos na campanha de balneabilidade deste ano: os pontos da Usina (Rio Paraguai), localizada no município de Diamantino, e o trecho do Catira, em Alto Paraguai. Ambos os locais apresentaram condição própria para banho e receberam a classificação ‘excelente’ e ‘muito boa’, respectivamente.
Estão também na categoria ‘muito boa’ os rios Coxipó, nos trechos da Ponte de Ferro e da Comunidade do Coxipó do Ouro (Cuiabá), Rio Claro (Cuiabá), Rio da Casca, no ponto da Cachoeirinha da Martinha (Chapada dos Guimarães), Rio Paraguai (Barra do Bugres). Já o trecho ‘satisfatório’ para banhistas são: Mutuca (Rio Mutuca), Praia de Santo Antônio (Rio Cuiabá), Praia das Veredas (Rio Cuiabá) e Cachoeirinha (Rio Cachoeirinha).
Sérgio lembra que em 2015 os trechos do Rio Bugre e do Rio Paraguai, que passam em Barra do Bugres, foram considerados impróprios para banho, mas neste ano houve uma melhoria na qualidade da água e os rios estão aptos para uso da população. “Talvez as pessoas tenham ficado mais conscientes quanto ao seu comportamento diante dos recursos naturais, mas independente do fator culminante dessa mudança é importante destacar que a prática da conservação ambiental acarreta na melhoria da qualidade da água”.
O coordenador alerta que nos últimos dois anos há uma tendência de piora geral na qualidade da água, principalmente nos rios da região hidrográfica do Paraguai e Araguaia-Tocantins e por isso é importante realizar práticas sustentáveis voltadas à preservação da natureza no Estado. Sérgio explica que é importante também evitar o banho após a ocorrência de chuvas de maior intensidade e a ingestão de água destes locais, sem o devido tratamento. “É necessário redobrar a atenção com as crianças e idosos, que são os mais sensíveis e menos imunes que adultos”.
Monitoramento
O monitoramento da balneabilidade das praias começou em 1995, com a implantação dos pontos de coleta. As praias escolhidas para o monitoramento sofreram alteração de um ano para o outro. Em 1995, foram avaliadas apenas quatro praias e esse número chegou a ser de 32 em 2004. A avaliação foi interrompida apenas nos anos de 1996, 1997 e 2013.
Serviço
É possível comunicar a Sema caso aconteça qualquer evento ou circunstância que levante dúvidas quanto à manutenção da condição de balneabilidade do rio ou córrego. Para reclamações ou sugestões, está disponível o e-mail qualidadedaagua@sema.mt.gov.br e o telefone da ouvidoria 0800-65-3838. Se quiser sugerir município não cotado nesta campanha, basta protocolar um ofício na secretaria solicitando a inclusão do trecho. Lembrando que o rio a ser analisado precisa ser frequentado por pessoas com objetivo de banho e lazer. Para mais informações, acesse o relatório completo