Todos os anos, as aves aquáticas do Pantanal se reúnem numa determinada área para construir seus ninhos, formando grandes colônias de reprodução. Esta concentração de aves nidificando numa mesma área é conhecida regionalmente por “viveiro” ou “ninhal”.
Num único viveiro pode haver centenas ou milhares de aves construindo seus ninhos ao longo da mata ciliar ou em capões e cordilheiras próximos de rios, corixos e baías. Podem ser formados por biguás, biguá-tingas e baguaris (ninhal preto) ou por garças, colhereiros e cabeças-secas (ninhal branco).
Há aves que reproduzem todos os anos, no mesmo local, entretanto isso não acontece sempre. As causas podem estar relacionadas a fatores naturais (pulso de inundação, disponibilidade de alimento) ou antrópicos (turismo desordenado, fogo, desmatamento, navegação intensa, captura de iscas vivas, coleta de ovos e filhotes, animais domésticos), podendo levar o ninhal à extinção ou mudança das aves do local de nidificação.
Por serem ambientes extremamente sensíveis e ameaçados, a Coordenadoria de Fauna e Recursos Pesqueiros vem mapeando e monitorando estas áreas no Pantanal Mato-grossense desde 2006.
Objetivos
1) Conhecer a distribuição dos ninhais no Pantanal;
2) Identificar as atividades que possam estar comprometendo a reprodução das aves;
3) Adotar medidas de proteção e conservação destas áreas;
4) Produzir material científico, informativo e educativo;
5) Ordenar a atividade turística.
Parcerias
Este trabalho é desenvolvido em parceria da Coordenadoria de Unidades de Conservação, Coordenadoria de Fiscalização de Fauna e Flora, Gerência Regional do Parque Estadual Encontro das Águas, Gerência Regional das Estradas Parques e Diretoria de Unidade Desconcentrada de Cáceres.
Para o desenvolvimento destas atividades, contamos ainda com o apoio e a participação de várias fazendas, pousadas, hotéis, empresas, instituições e moradores locais na região.
Resultados
Até novembro de 2011, mapeamos cerca de 53 ninhais (46 ativos e 7 extintos) distribuídos na região do Pantanal Mato-grossense, nos municípios de Barão de Melgaço, Cáceres, Poconé, Nossa Senhora do Livramento e Santo Antonio de Leverger.
Ninhal Preto (identificação)
Os biguás, biguatingas e baguaris são o primeiro grupo a se estabelecer. Eles chegam ao ninhal em março, quando o nível da água ainda está alto, e permanecem até junho ou julho. Durante a vazante e início da seca, os adultos e seus filhotes crescidos se dispersam deixando o local para o próximo grupo.
Biguá (Phalacrocorax brasilianus)
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Biguatinga (Anhinga anhinga)
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Baguari (Ardea cocoi)
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Ninhal Branco (identificação)
As garças, colhereiros e cabeças-secas chegam a partir de junho, quando o nível das águas está mais baixo, permanecendo até novembro, quando as águas começam a subir.
Garça-branca (Ardea alba)
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Cabeça-seca (Mycteria americana)
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Colhereiro (Platalea ajaja)
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Ninhais do Pantanal Mato-grossense: Guia de Conservação dos Viveiros Naturais de Aves Aquáticas
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