A piracema é um processo natural, que ocorre em ciclos anuais e coincide com a estação das chuvas. Este processo consiste no deslocamento de peixes migratórios (denominados “peixes reofílicos”) rumo à cabeceira dos rios, onde buscam alimentos e condições adequadas para o desenvolvimento das larvas e dos ovos. A desova também pode ocorrer após grandes chuvas, quando ocorre um aumento do nível da água nos rios, tornando-se oxigenadas e turvas.
As águas oxigenadas são condições propícias para o desenvolvimento inicial dos peixes, e sendo turvas, impedem a visualização dos ovos e larvas pelos predadores. Nesta época a alimentação também é abundante e os peixes alcançam acúmulo de reservas suficientes para o desenvolvimento das gônadas e para a longa migração até as cabeceiras.
A reprodução dos peixes geralmente ocorre entre os meses de outubro a janeiro, começando com os peixes de escama (curimbatá, pacu, piraputanga, dourado, etc.) e terminando com os peixes de couro (pintado, cachara, jurupensém, jiripoca, etc.).
Todos os anos os peixes migratórios fazem um longo percurso, vencendo os obstáculos naturais, como as corredeiras e cachoeiras, no intuito de perpetuar suas espécies. Eles têm de vencer também a pesca predatória, feita clandestinamente com armadilhas, redes, tarrafas e outros artifícios.
Considerando o ciclo natural de reprodução dos peixes migratórios, foi estabelecido o período de defeso, que tem por objetivo possibilitar a renovação dos estoques pesqueiros para os anos seguintes.
Piracema: escala de desenvolvimento gonadal
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Período de Defeso
O período de defeso é estabelecido pelo CEPESCA, subsidiado pelos relatórios técnicos dos órgãos/instituições ambientais e de pesquisas.
• 01 de outubro de 2017 a 31 de janeiro de 2018 - Bacias Hidrográficas do rio Paraguai, Amazonas e Araguaia-Tocantins (Resolução CEPESCA nº 02, de 16 de maio de 2017)
Projeto de Monitoramento da Piracema
Considerando os diversos fatores que podem levar à variação do período reprodutivo dos peixes e, com o objetivo de subsidiar as decisões do CEPESCA, a Coordenadoria de Fauna e Recursos Pesqueiros da SEMA desenvolve um projeto de monitoramento dos peixes migratórios.
Mais informações, acesse o link: Monitoramento da Piracema.
Referências
BARTHEM, R. B., FABRÉ, N. N. Biologia e diversidade dos recursos pesqueiros da Amazônia. In: RUFFINO, M. L. A pesca e os recursos pesqueiros na Amazônia Brasileira. Manaus: ProVárzea. 2003.
CAROLSFELD, J.; HARVEY, B.; ROSS, C.; BAER, A. Migratory Fishes of South America: biology, fisheries and conservation status. Washington, DC: The World Bank. 2003.
RESENDE, E. K. Considerações para Definição de Períodos de Defeso de Reprodução: o caso do Pantanal. 2000. Disponível em http://www.cpap.embrapa.br/publicacoes/download.php?arq_pdf=ADM039. Acesso em 20/08/2012.