Um relatório realizado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) apontou que nos últimos três anos nenhum rio da bacia hidrográfica Amazônica teve a qualidade de água considerada ruim. Oito amostras foram coletadas de cada um dos 26 trechos das sub-bacias dos rios Juruena, Guaporé e Teles Pires, em 18 municípios, de 2012 a 2014. O estudo levou em consideração 28 parâmetros físicos, químicos e microbiológicos avaliando a quantidade de Escherichia coli (coliformes fecais), a coloração da água, a turbidez, concentração de fósforo total, o oxigênio dissolvido entre outros.
A qualidade da água é avaliada a cada quatro meses pelo laboratório da Coordenadoria de Monitoramento da Qualidade Ambiental da Sema, mas os dados são compilados e divulgados a cada três anos. Levando em consideração o aumento da quantidade de trechos regulares, o coordenador do setor, Sérgio Batista de Figueiredo, avalia que os dados mostram uma tendência de piora.
Mas ele entende que no geral, a qualidade da água dos rios desta bacia está boa, tendo em vista que não obteve nenhuma classificação ruim. “A bacia abrange um dos biomas mais preservados do Estado, o bioma Amazônico. Ele é pouco povoado em relação as outras bacias e ainda possui matas ciliares conservadas. Se analisarmos os pontos classificados como regulares se tratam de corpos hídricos que atravessam áreas urbanas cuja as pessoas desenvolvem ações que contribuem para a poluição das águas”.
Sérgio destaca que o relatório é uma importante fonte de informação tanto para a sociedade, que precisa entender que algumas de suas ações, como jogar lixo nas ruas, contribuem para a poluição dos rios, e também para o Estado que poderá tomar decisões voltadas para a melhoria dos recursos hídricos. “É necessário iniciativas para reverter esse quadro porque ele tende a piorar conforme cresce o número populacional. Também preciso lembrar que ações como a instalação dos Comitês de Bacia Hidrográfica e a melhoria do saneamento básico nos municípios são primordiais para garantir a qualidade da água”.
Com esse documento o Estado terá uma base contendo o histórico ambiental de seus rios e ainda poderá subsidiar as ações de gestão ambiental. Mas, para fortalecer a política de recursos hídricos, Sérgio explica que é primordial a atuação dos comitês de bacias. Dos 10 comitês existentes no Estado, dois compreendem a bacia Amazônica: o Baixo Teles Pires e Alto Teles Pires Margem Direita. “Os CBHs têm total autonomia para auxiliar o Estado a fazer a gestão da água. Eles podem propor medidas de melhorias e evitar que esses rios que estão regulares hoje sofram maiores degradação da qualidade da água no futuro”.
Detalhamento
Dos 26 trechos estudados, o documento mostra que, em 2012, vinte e quatro apresentaram a qualidade da água boa e dois foram classificados como regulares, dos quais um deles no rio Formiga, trecho que passa no município de Campos de Júlio e no rio Lira, sob a ponte da BR-163, em Sorriso. As águas dos rios Juruena, em Conquista D´Oeste; Guaporé, em Pontes de Lacerda, e Celeste, em Sorriso, foram consideradas boas neste ano, mas, em 2013 passaram para a categoria regular, enquanto o trecho do Rio Lira se manteve na mesma posição do ano anterior.
Já em 2014, o número de trechos com água boa caiu para 19, enquanto o número de pontos com a qualidade de água regular subiu para sete. Nesse período se manteve regular desde 2013 os rios Juruena, Guaporé, Celeste e, por três anos, consecutivos o rio Lira. O rio Formiga, que em 2012 estava regular, voltou para a mesma posição neste ano. Entram pela primeira vez para esta categoria os rios Juruena, no trecho da BR-364, localizado no município de Campos de Júlio, e Teles Pires, no trecho da BR-020, em Planalto da Serra.
Piora na Bacia do Paraguai
O último relatório apresentado pela Sema, em fevereiro de 2016, apontou que a qualidade da água de 11 rios da bacia hidrográfica do Paraguai piorou. Nove amostras foram coletadas de 37 trechos das sub-bacias dos rios Paraguai, Cuiabá e São Lourenço, em 23 municípios e dois distritos, durante os anos de 2012, 2013 e 2014. A má qualidade da água é um reflexo da falta de saneamento básico nos municípios, atrelado ao desmatamento das Áreas de Preservação Permanente (APP). “Preservar as margens dos rios é fundamental para manter a qualidade da água”, alerta o coordenador que anuncia que até o final de abril a Sema divulgará o resultado do monitoramento da bacia hidrográfica Araguaia-Tocantins.