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SEMA
Publicado: Quarta, 06 de Janeiro de 2016, 14h14 | Última atualização em Sexta, 12 de Julho de 2019, 15h22 | Acessos: 266 | Categoria: Notícias

  

 

 

 

José Medeiros/Gcomquelonio

O Governo de Mato Grosso e o Ibama são parceiros no projeto no projeto instalado na área estadual Refúgio de Vida Silvestre, o maior quelônio de água doce da América do Sul

Criado há 14 anos pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), o Refúgio de Vida Silvestre Quelônios do Araguaia colabora anualmente com o nascimento de pelo menos 300 mil tartarugas-da-amazônia, espécie que estava ameaçada de extinção e que hoje povoa os lagos da região extremo norte de Mato Grosso, no Baixo Araguaia. Embora o trabalho em parceria com o Ibama e a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) Aliança da Terra seja realizado durante o ano inteiro, com monitoramento e fiscalização para impedir caça e pesca depredatória na unidade de conservação estadual, a intensificação ocorre entre setembro e dezembro, período de desova e nascimento dos filhotes nas principais praias dentro do refúgio.

O coordenador de Unidades de Conservação da Sema, Alexandre Batistella, que tem mestrado e doutorado em Ecologia Aquática, com ênfase em quelônios (tartarugas), explica que esta tartaruga (Podocnenis expansa) é conhecida como ‘espécie guarda-chuva’ por sofrer não só predação de toda a cadeia alimentar na natureza, como também ser cobiça para a caça humana, desde a fase em há a postura dos ovos pela fêmea até quando os filhotes vão para a água. “Na época da desova elas sobem entre 100 e 200 para um único tabuleiro, que são as praias mais alta, e se tornam alvos fáceis, por isso a importância do projeto que visa a proteção delas”.

Uma iniciativa solitária e com pouco recurso financeiro que Batistella avalia como muito bem-sucedida porque garante a conservação de muitas espécies da ictiofauna e da fauna da região, como outras tartarugas, peixes, entre eles, o pirarucu, um dos maiores peixes de água doce no Brasil que pode atingir até 200 kg e que havia praticamente desaparecido dos rios da região. Ele também listou vários animais, como veado campeiro, porco do mato e de aves, entre elas, o mutum que é a maior ave da família do Pantanal. “Nosso trabalho é basicamente proteger o modo de trabalho do senhor Gaspar, que está garantindo para as gerações futuras toda a cadeia produtiva da pesca profissional e também para os ribeirinhos.”

Dom Quixote do Araguaia

Gaspar Saturnino Rocha, 65 anos, é um técnico ambiental do Ibama que há 31 anos deixou a rotina de fiscalizações de diversas unidades de conservação de Mato Grosso (entre elas o Pantanal) e de outros estados brasileiros para tomar conta do quelônio, no município de Cocalinho. “Não sei explicar, é um trabalho muito gratificante ver que tudo que a gente faz dá resultado, ver a vida renascendo, acompanhar os nascimentos das tartarugas é emocionante, eu muitas vezes choro. Quem é que pode dizer que acompanha um pirarucu nadando com seus filhotes? Andas com seus filhotes? Quem pode ver pacas, mutum e outros animais raros e bonitos como esse no próprio quintal? Passei a amar esse lugar.”

 

José Medeiros/Gcom

quelonio_2

“O mais bonito é saber que o trabalho de duas únicas pessoas está fazendo a diferença na vida de tanta gente e de todo um ecossistema. Dom Quixote e seu fiel escudeiro Sancho Pança saem todos os dias, todos os anos, por mais de três décadas para combater moinhos em um trabalho tão solitário. O mais emocionante é saber que eles vencem” (Alexandre Batistella, coordenador da Unidades de Conservação da Sema)

Em 31 anos do projeto desenvolvido pelo Ibama, dos quais os últimos 6 anos com participação fundamental da Sema, que oferece logística (motores de barco, combustível) e funcionários, o senhor Gaspar já ajudou no nascimento de pelo menos 8 milhões de filhotes de tartaruga-da-amazônia. “O mais bonito é saber que o trabalho de duas únicas pessoas que vêm todos os dias trabalhar tão felizes, dispostos, está fazendo a diferença na vida de tanta gente e de todo um ecossistema. Dom Quixote e seu fiel escudeiro Sancho Pança saem todos os dias, todos os anos, por mais de três décadas para combater moinhos em um trabalho tão solitário. O mais emocionante é saber que eles vencem”, afirma, emocionado Alexandre Batistella.

Para o fiel escudeiro, Felizberto Alves da Silva, 63 anos, é um trabalho pesado principalmente quando as tartarugas estão nascendo em milhares na praia, às vezes 70 mil em uma noite, por isso tem que levantar antes das 4 horas e ficar o dia todo nas praias, ajudando as pequenas a encontrar o caminho para o mar de água doce. Uma hora a mais no sol pode ser fatal. “Nós cuidamos disso aqui para seus filhos, netos e bisnetos, queremos que as novas gerações saibam o que é uma tartaruga.”

Maior da América do Sul

Este é o maior quelônio de água doce da América do Sul, que por muitos anos esteve na lista de ameaça de extinção em razão da pesca indiscriminada e nos últimos anos com o trabalho do senhor Gaspar Saturnino Rocha, de 65 anos, funcionário do Ibama, e Felizberto Alves da Costa, assistente de campo, conseguiram reverter esse quadro. Hoje é apenas uma espécie vulnerável. Ela é predada para retirada do óleo, da carne, dos ovos e também dos filhotes (para petshop) e carcaça para artesanato e souvenir.

A época de desova é entre agosto e setembro, no auge da seca e nascimento dos filhotes entre final de novembro e dezembro. O filhote nasce com uma média de 5 a 7 centímetros e atinge, se for fêmea, até 1 metro, podendo ter até 50 kg, que é maior que o macho, podendo viver por mais de 100 anos.  número de filhotes está relacionado ao tamanho da fêmea, 70 a 120 filhotes por desova, a produção por ano no quelônio é em torno de 270 mil filhotes por ano. Em 30 anos, o senhor Gaspar já colaborou com o nascimento de pelo menos 8 milhões de filhotes. Este é um trabalho bem-sucedido da Sema e do Ibama, porque a tartaruga-da-amazônia quase não era encontrada, hoje ela retornou aos lagos e rios da região.

Esta área de proteção é importante porque também serve como área de reserva; e o excedente de peixes que nascem no Refúgio começou a colonizar áreas fora da reserva, servindo de alimento para ribeirinhos (subsistência) e populações indígenas. A tartaruga também voltou a desempenhar seu papel na cadeia alimentar, que é fundamental em ambientes aquáticos no processo de fertilização do sistema, ou seja, ela é extremamente eficaz para o processamento de matéria orgânica para transformação em adubos naturais.

O comandante operacional da Oscip Aliança da Terra, Edmar Santos Abreu, explica que desde 2006 quando teve contato a primeira vez com o projeto do quelônio ‘se apaixonou’, desde então vem atuando em parceria com a Sema na conservação do Parque Estadual do Araguaia, uma das mais importantes áreas alagadas do Brasil, e também promovendo o nascimento de milhares de tartarugas. “Nós somos poucos, mas nos comprometemos a fazer um trabalho de gigantes, estamos aqui para o que der e vier.”

Sobre o Refúgio

 

José Medeiros/Gcomquelonio_3
Exemplo de Legenda da Foto

É um projeto atualmente desenvolvido em parceria entre Sema e Ibama, com apoio da Oscip Aliança da Terra. Ocupa uma área de 60 mil hectares, criada a partir da Lei Estadual nº 7.520 de 28/09/01, no município de Cocalinho, região do baixo Araguaia, nas proximidades do Parque Estadual do Araguaia, do Refúgio de Vida Silvestre Corixão da Mata Azul e da Área de Proteção Ambiental (APA) Federal Meandros do Rio Araguaia e da terra indígena Pimentel Barbosa do povo Xavante. Essas unidades de conservação formam um ‘mosaico de áreas protegidas’ que garantem a preservação de inúmeras espécies de animais e plantas na região de áreas alagáveis mais importantes do país.

Plano de manejo: paraíso aberto à população

A previsão da elaboração do plano de manejo do refúgio é para início de 2016. Este é um instrumento fundamental para auxiliar nas ações de proteção das áreas de desova das tartarugas-da-amazônia (Podocnenis expansa). Esse plano envolve um conjunto de diagnósticos e prognósticos baseados nas pressões, ameaças; pontos positivos enegativos, na caracterização da biodiversidade e do meio físico focado para a manutenção da espécie-alvo. Com esse plano, também será possível identificar possíveis produtos e serviços que poderão ser disponibilizados para o turismo na região, como instalação de pousadas, programação de passeios para acompanhar nascimento, desova e outras atividades de conscientização e contato com a natureza.

 

Leia reportagem exclusiva veiculada no jornal A Gazeta, de Mato Grosso: http://flip.gazetadigital.com.br/temp_site/edicao-23826-804141d915e74fadacc1c83504c76c9c.pdf

 Álbum de imagens do Refúgio Vida Silvestre no Facebook da Sema: https://www.facebook.com/SemaMatoGrosso

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