Após ser lançado este mês em Cuiabá e Cáceres, o livro “Paisagem, Biodiversidade e Cultura”, será lançado no próximo dia quatro de dezembro em Tangará da Serra e em março de 2013, em Barão de Melgaço para as comunidades tradicionais, quando serão desenvolvidas oficinas comemorativas ao dia internacional das águas e alusivas ao uso do livro.
O livro, organizado pelos professores José Eduardo dos Santos, Carolina Joana da Silva e Luiz Eduardo Moschini, e editado pela RiMa Editora, com suporte financeiro do Fundo de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat), traz em seus 26 capítulos o resultado de pesquisas desenvolvidas por pesquisadores e colaboradores na área da Ecologia, da Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat) e do programa de Pós-graduação em Ecologia e Recursos Naturais (PPGERN), da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
A analista de Meio Ambiente da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA), Gabriela Rocha Priante Teles de Ávila, junto com Carolina Joana da Silva, Nicolau Priante Filho e Carlo Ralph de Musis, são os responsáveis pelo capítulo “Mudança e Conservação da Pesca Profissional: Um Estudo do Uso Sustentável da Cadeia Produtiva do Pescado na Baixada Cuiabana”.
O estudo aborda a experiência das comunidades tradicionais ribeirinhas de Bonsucesso e Pai André, localizadas no município de Várzea Grande, a partir da criação, em 1997, da Cooperativa Coorimbatá. Após um período de insucesso e com o auxilio de professores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), a cooperativa encontrou caminhos alternativos, diversificando a sua produção e, ao mesmo tempo, atendendo as questões culturais e operacionais das comunidades.
“Para isso, foi estabelecida uma forma ágil, com ações articuladas com as comunidades de baixa renda, formalizando a pesquisa científica como um dos objetivos da Cooperativa, com a criação da figura do pesquisador cooperado, que direciona suas pesquisas para a solução de problemas tecnológicos da cooperativa e as executa conjuntamente com os outros cooperados”, explicou Gabriela Priante.
Hoje, a Coorimbatá, com mais de 40 cooperados e cinco unidades produtivas em Cuiabá e Várzea Grande, comercializa além de pescado, húmus de minhoca, doces chips e passas, castanha-do-Brasil, jacaré-do-Pantanal e ainda criou cinco roças comunitárias no Quilombo Mata Cavalo.
Segundo a analista ambiental, o peixe comercializado pela Cooperativa é pescado na região de Barão de Melgaço e no Pantanal Mato-grossense com o uso de um barco com capacidade para 10 pescadores. O húmus é produzido a partir de resíduos do processamento do frigorífico, bagaço da cana, cinza e esterco de gado. Os doces/chips e passas são produzidos com banana, manga e abacaxi, na unidade produtiva do Porto (Cuiabá) e a castanha-do-Brasil, vem da região Noroeste do Estado após ser beneficiada por uma associação de extrativistas enquanto que o jacaré-do-Pantanal é trazido por uma associação de criadores da região de Poconé.
“O fato de estarem muito próximas à área metropolitana de Cuiabá e Várzea Grande trouxe vantagens (acesso aos meios de comunicação, transporte urbano, estrada e energia), e desvantagens (como o alto índice de roubos), para essas comunidades”, explicou Gabriela Priante.
A atividade pesqueira já não é mais incentivada de pai para filho e, em razão da escassez de sua matéria principal e inicial, o peixe, a Cooperativa passou a agregar outros produtos na sua cadeia produtiva (frutas desidratadas, mandioca frita, castanha-do-Brasil), transformando a vida dos cooperados.
“A cooperativa se tornou importante para essas comunidades e, está ajudando a manter os ribeirinhos numa organização, buscando alternativas para complementarem sua renda familiar, permanecendo na comunidade”, explicou ela.
A Coorimbatá promove a integração entre as ações de várias entidades que passaram a ter vínculos institucionais que foram sendo construídos coletivamente com base numa nova lógica de sustentabilidade econômico-social e ambiental, a lógica do Desenvolvimento Solidário.
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