Com uma área de 46 mil hectares de seringueira e uma produção de 25 mil toneladas de borracha por ano (dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Estado de Mato Grosso está classificado em terceiro lugar no ranking nacional em área plantada. O programa de governo de incentivo ao plantio da seringueira tem como proposta a implantação de 160 mil hectares, num período de 15 anos. Nesta safra 2010/2011 foram plantados 1.960 hectares, em cinco Consórcios Intermunicipais em áreas de agricultores familiares.
Além da produção de borracha, o projeto prevê a recuperação de áreas degradadas e reserva legal com o plantio de seringueira em sistemas agroflorestais.
O Programa da Heveicultura tem como meta atender 30 mil famílias de agricultores familiares. O engenheiro florestal da Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer), Antônio Rocha Vital, fala que a intenção é atingir a produção de 80 mil toneladas de borracha por ano, alcançando o nível do Estado de São Paulo. Rocha explica que estão plantando módulos familiares de seis hectares, agrupados em assentamento e cooperativas.
Segundo Antônio Vital, o plantio ainda é pequeno devido a falta de mudas de seringueira. A previsão é produzir 80 milhões de mudas, sendo multiplicadas em viveiros e jardins clonais, conforme as diretrizes técnicas. Para expandir o plantio, ainda é necessário uma Linha de crédito para atender exclusivamente a agricultura familiar, sendo enquadrado no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), com limite de crédito de R$ 10 mil por hectare e R$ 120 mil por beneficiário. “Foi encaminhado uma proposta de crédito ao Banco Central com uma sugestão de encargo financeiro de 2% ao ano, carência de oito anos e prazo para pagamento de 16 anos”, destaca Rocha.
Nas últimas safras (2009 a 2011) foram plantados 4.660 hectares de seringueira com recursos próprios. Na região dos Consórcios Intermunicipais no Vale do Guaporé foram plantados 900 hectares, Norte Araguaia - 430 hectares, Médio Araguaia - 960 hectares, Alto do Rio Paraguai - 400 hectares, Vale do Arinos - 360 hectares, Complexo Nascentes do Pantanal - 1.260 hectares e na Região Sul - 150 hectares.
Participam do Programa de Seringueira a Secretaria de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar (Sedraf), por meio do MT Regional, prefeituras, empresas privadas e Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), que fica no Estado da Bahia.
Será encaminhado para a Assembleia Legislativa um Projeto de Lei sobre a aceitação da cultura da seringueira para recuperação de áreas degradadas, com o plantio em sistemas agroflorestais valorizando a agricultura limpa para produção de alimentos. Nos sistemas agroflorestais a seringueira poderá ser cultivada com as culturas de abacaxi, milho, cupuaçu, pupunha, café, amendoim, maracujá e banana. “A vida útil do sistema agroflorestal é acima de 30 anos, e a escolha da seringueira foi uma das alternativas econômicas, devido à fixação do homem no campo que utiliza mão de obra familiar, gerando renda e contribuindo para o sequestro de carbono na atmosfera como atividade de reposição florestal. Já no sétimo ano, a seringueira começa a produzir comercialmente, e nos primeiros dois anos, o produtor vai obter uma renda líquida de 40% do potencial do sistema”, esclarece o engenheiro.
Conforme Vital, devido ao trabalho de validação de tecnologia realizado pela Empaer foi recomendado para a Baixada Cuiabana os clones orientais RRIM 600, considerados mais produtivos. Para outras regiões, como é o caso do município de Santa Cruz do Xingu é indicado os clones IAN 2909, IAN 2903 e FX 3864. Clones esses mais resistentes devido às condições favoráveis para a proliferação da doença.
Mercado promissor
Mato Grosso foi considerado, na década de 80, o segundo maior produtor de borracha do Brasil. Rocha ressalta que o cultivo da seringueira é um negócio rentável para o produtor. O Estado possui três empresas que estão pagando até R$ 4,10 o quilo da borracha dentro da propriedade. Ele faz um cálculo em que o produtor pode receber de R$ 1.500 a R$ 2.000 em cada três hectares produzidos. “O mercado de borracha tem variações e hoje está numa fase muito boa. O que falta é matéria-prima para atender as indústrias de pneus, quanto mais borracha natural produzida melhor será o produto no Brasil”, confessa Rocha.