Com os resultados de dez anos de ações do Projeto de Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade nas Florestas de Fronteira do Noroeste de Mato Grosso, executado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso (Sema) um novo modelo de desenvolvimento ganha força na região.
Povos indígenas, agricultores familiares e extrativistas, com apoio de parceiros públicos e privados estão consolidando sistemas de produção sustentáveis que agregam renda e promovem a conservação ambiental.
Para o coordenador técnico do projeto Poço de Carbono Juruena - executado pela Associação de Desenvolvimento Rural de Juruena (Aderjur) com patrocínio do Programa Petrobras Ambiental-, Paulo Nunes, o projeto do Pnud construiu um capital social que está garantindo a continuidade das ações por meio de outras parcerias. Além do Poço de Carbono Juruena, a Petrobras também patrocina os projetos Pacto das Águas, executado pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Aripuanã e Berço das Águas, executado pela Operação Amazônia Nativa (Opan). Juntos esses três novos projetos na região envolvem uma reserva extrativista, assentamentos rurais e terras indígenas alcançando mais de quatro mil pessoas em dois milhões de hectares da Amazônia mato-grossense. “Com o apoio da Petrobras foi possível dar continuidade às ações, aumentando a área de atuação e o número de pessoas atendidas”, explica Paulo Nunes. “Os novos projetos vão ajudar a consolidar os trabalhos da Sema e do Pnud, garantindo que as comunidades atendidas pelos vários projetos possam caminhar sozinhas”, garante.
O coordenador técnico do projeto Pacto das Águas, Plácido Costa, argumenta que as ações na região uniram antigos adversários que passaram a ser parceiros e que as atividades extrativistas, além da geração de renda e conservação de renda estimulam a coesão social dos grupos envolvidos e garantem a gestão dos territórios. “As atividades de manejo da castanha e da seringa são feitas na maioria das vezes por famílias inteiras e que quando vão para a floresta vigiam seus territórios, inibindo a entrada de invasores”, observa.
Outra questão considerada por Costa foi a construção de parcerias entre aqueles que vivem da floresta com o mundo dos negócios. Por meio das ações do Pnud, da Sema e dos novos projetos na região foram estabelecidas parcerias com empresas privadas na compra do látex produzido pelos índios Rikbaktsa e pelos extrativistas da Reserva Extrativista Guariba-Roosevelt e também na castanha produzida por várias comunidades locais.
A coleta da castanha-do-Brasil, por exemplo, é feita por povos indígenas, como os Rikbaktsa e Zoró, por moradores da Reserva Extrativista Guariba - Roosevelt e por agricultores familiares. O beneficiamento do produto é feito pela Cooperativa dos Agricultores do Vale do Amanhecer (Coopavam) e Associação de Mulheres Cantinho da Amazônia (AMCA), em Juruena. Parte dessa produção só é possível graças ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que empresta dinheiro para que associações possam comprar essa produção que também faz parte da merenda escolar de alunos de escolas públicas de sete municípios do Noroeste mato-grossense.
Para a oficial de programa do Pnud, Rose Diegues, o Projeto de Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade nas Florestas de Fronteira do Noroeste de Mato Grosso está chegando ao fim, mas suas ações irão continuar com outros parceiros executores e apoiadores. “O trabalho na região continua com outras fontes de financiamento, porém com a perspectiva de que o Pnud trabalhe aspectos desse projeto em outros programas”, considera. “O nível das ações no Noroeste de Mato Grosso chegaram a um nível de maturidade que permite que as organizações locais andem quase sozinhas em relação ao mercado e esse é um ideal que vamos buscar nos próximos projetos”, finaliza.